Na verdade, o dano desses pregadores mercenários não seria tão nocivo somente
pelo aspecto financeiro ou por sua motivação impura, pois consolado acerca
desses homens, o apóstolo Paulo escreve: “Verdade é que alguns também pregam
a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa mente; uns por amor, sabendo que
fui posto para defesa do evangelho; mas outros, na verdade, anunciam a Cristo
por contenção, não puramente, julgando acrescentar aflição às minhas prisões.
Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com
fingimento, ou em verdade, nisto me regozijo e me regozijarei ainda.” (Fl
1:15-18). Note que Paulo se conforma com os falsos pregadores enquanto sua
mensagem é verdadeira, mas outro problema tem ocorrido entre esses pregadores
“caros”, a propagação de heresias e formação de uma mentalidade espiritual
popular fraca. Vejamos pelo menos cinco problemas na mensagem para
identificarmos esses pregadores duvidosos:
1- O
excesso de conjecturas mal elaboradas e mal explicadas.
No
afã de tornar o sermão mais atraente e empolgante, esses pregadores se utilizam
de certas conjecturas que são feitas sem nenhum critério doutrinário, ou seja,
narra-se uma história bíblica acrescentando informações inexistentes como se
fossem fatos, assim, a conjectura já não é mais uma saudável ferramenta
hermenêutica e homilética, e sim um elemento herético.
2- Conteúdo
antropocêntrico, marcado pelo desprezo à glória de Deus.
A
mensagem do itinerante não pode ser outra senão Cristo e este crucificado (I
Co 2:2). O ego humano e não a alma perdida parece ser o alvo dessa safra de
pregadores modernos. Não se prega o que é certo para o homem, mas o que dá certo
para ele; fórmulas mágicas de felicidade e crescimento apresentadas num tom
de terapia motivacional. Não fala em arrependimento, renúncia,
santificação, senão em “três passos para ter sucesso”; “sete chaves para ser
influente”; “cinco dicas para crescer” e blá, blá, blá... O homem está no centro
dessa mensagem odiosa e vil, e não o Cristo crucificado e
glorificado.
3- Uma
ênfase triunfalista sem critérios e parâmetros para uma vida de
triunfo.
São
apresentadas maravilhosas promessas de vitória, tudo a custo de nada. As únicas
bençãos que já nos foram providenciadas através da redenção, são as de cunho
espiritual (Ef 1:3), as demais dádivas divinas chegam a nós
condicionalmente (Jo 15:7). E mesmo algumas bênçãos espirituais advindas
da redenção, operam de forma condicional (I Jo 1:7). Não se pode
vociferar o “você vai ter!”; “você vai receber!”; “vai acontecer na sua vida!”,
sem antes expressarmos as condições bíblicas para a aquisição da
vitória.
4- Espírito grosseiramente insubordinado que cria nas massas uma mentalidade infiel às lideranças constituídas por Deus.
Alguns
desses pregadores não têm um referencial de liderança, não estão “cobertos”, ou
seja, não estão sob a autoridade espiritual de ninguém; são meros andarilhos,
pregoeiros errantes que não têm compromisso com a Igreja de Cristo, pois se o
tivessem, teriam também com os líderes constituídos da Igreja. Em suas
mensagens, tentam astuciosamente infundir esse espírito insubordinado no povo,
formando gerações de crentes rebeldes. Eles aproveitam eventos isolados em que
há pessoas de diversas igrejas, para maldizer seus respectivos pastores,
colocando dúvidas no coração das pessoas quanto aos seus líderes: “Aquele seu
pastor frio!”; “Esse pastor que não enxerga sua chamada!”, e coisas assim. Isso
é perigoso! Fuja dessas insinuações malévolas!
5- Superficialidade escriturística e ausência de conteúdo doutrinário.
Esses
pregadores se dedicaram a decorar de maneira espantosa versículos bíblicos,
porém, não há um senso de cadeia temática, eles simplesmente disparam textos
bíblicos de maneira desconexa e jactante, porém, o conhecimento contextual
acerca dos mesmos é superficial, alem de não estarem instruídos na ortodoxia da
doutrina bíblica.
Conclusão:
É bem verdade que as pessoas não querem ouvir um sermão meramente homilético e
recheado de textos bem organizados, é preciso ter A PALAVRA DE DEUS, ou seja,
aquilo que Deus tem a dizer às pessoas. Mas esta Palavra não pode estar
desvinculada de um parâmetro doutrinário apostólico.