sábado, 29 de março de 2014

FUNDAMENTOS DA DOUTRINA PENTECOSTAL - I

INTRODUÇÃO SOBRE O DESENVOLVIMENTO TEOLÓGICO PENTECOSTAL:

Nestes últimos dias a doutrina pentecostal tem sofrido muitos ataques em seu escopo doutrinário. Até o fim da década de 90 os ataques eram mais comuns, com teólogos tradicionais compondo teses e mais teses na tentativa de desconstruir o argumento pentecostal e sua visão das Escrituras. Não que o pentecostalismo viesse trazendo com sigo uma nova revelação, ou hermenêutica, mas apenas resgatando doutrinas que foram sendo esquecidas ao longo da história eclesiástica em sua institucionalização.

Tais oposições foram de grande contribuição para o movimento, pois fez com que os pentecostais se despertassem para o estudo teológico, e os nossos teólogos da época para uma maior erudição, profundidade exegética, hermenêutica e argumentativa em seus escritos. A confrontação gera a reflexão, e esta por sua vez põe em ordem as idéias que até então poderiam estar soltas e sendo mal interpretadas pelos leitores confessionais ou simpatizantes. Tais conceitos expostos de modo raso contribuem na formação do que chamamos de “espantalho” sobre o pentecostalismo aos olhos dos que a nós se opõem teologicamente, ou seja, uma visão deturpada daquilo que realmente pensamos, cremos, pregamos e vivemos.

Dentro deste âmbito de confrontos foram geradas obras de grande contribuição para a teologia pentecostal. Dentre as quais poderíamos destacar o livro do teólogo das Assembléias Pentecostais do Canadá, Roger Stronstad, “Teologia Carismática de São Lucas”, ainda não traduzido para o português. Este livro trouxe uma maior profundidade acadêmica e equilíbrio hermenêutico para a teologia pentecostal. Aos que pensam ser o Movimento pentecostal um movimento sem doutrina, obras deste tipo são motivos de espanto, ante a sua grandeza e biblicidade.

No entanto, mesmo a teologia pentecostal sendo hoje mais desenvolvida, houve no passado teólogos que deram um ponta-pé muito importante no desenvolvimento de nossa doutrina. É importante fazer menção da “Declaração de Verdades Fundamentais das Assembléias de Deus” que foram sistematizadas no concilio geral em Hot Springs, Arkansas, em 1916, sendo esta até o desenvolvimento dos primeiros livros confessionais, a principal fonte de instrução e moderação da ortodoxia no movimento.

Mesmo sendo o antintelectualismo muito popular no inicio, isto não foi motivo para que a doutrina pentecostal evoluísse, saindo da forma de embrião, para o que temos acesso hoje. Nomes como os do escocês, ex-judeu convertido a Jesus, Meyer Pearlman, do inglês Donald Gee, do americano P. C. Nelson e do Rev. Ernest S. Williams, são de grande destaque no nosso desenvolvimento teológico.

Já aqui no Brasil, pela influência de missionários americanos, qual N. Lawrence Olson, Orlando Boyer e John Peter Kolenda, houve um grande estímulo para a implantação do nosso primeiro seminário teológico, o Instituto Bíblico das Assembléias de Deus em Pindamonhangaba, São Paulo (IBAD, hoje faculdade teológica FABAD). John Peter Kolenda havia enviado o seu sobrinho João Kolenda Lemos para estudar teologia no Central Bible Colege nos Estados Unidos. Este, lá conhece aquela que seria sua esposa a irmã, missionária, pregadora, evangelista, Ruth Doris. Este dois jovens após se casarem, junto com os esforços das missões estrangeiras, começaram a implantação daquele que seria o melhor seminário teológico pentecostal da America latina. Passivos de serem expulsos da Assembléia de Deus, pois esta até então era contrária ao ensino bíblico formal, nem mesmo assim eles voltaram atrás e seguiram em frente, tendo o instituto reconhecido pela Convenção geral mais tarde nos anos de 1975.

Mesmo havendo tanta controvérsia acerca do ensino teológico formal nas Assembléias de Deus no Brasil, isso não foi impedimento para a formação de grandes teólogos. No nosso cenário teológico, temos como um dos grandes representantes o mestre Antônio Gilberto, licenciado em teologia, pedagogia e formado também em psicologia. Além deste, ainda temos Claudionor Correia de Andrade, Ciro Sanches Zibordi, Geremias do Couto, Severino Pedro da Silva (em memória), José Apolônio da Silva (em memória), Esdras Costa Bentho, Altair Germano, Carlos Kleber Maia, Paulo Romeiro e tantos outros.

Então, podemos perceber que o pentecostalismo tem amadurecido teologicamente e que tem crescido o interesse dentre a membresia e o ministério pelo ensino bíblico formal. Porém sabemos que ainda existe muito que melhorar, principalmente no que se refere a qualidade do nosso ensino teológico, valendo salientar a existência de milhares de cursos a distância, sendo o seu monitoramento na maioria das vezes feito por leigos gerando um aprendizado limitado à reprodução doutrinária acrítica e sem a devida reflexão.



Em posteriores artigos veremos uma breve análise sobre os principais pontos doutrinários do pentecostalismo, passearemos sobre o tema principal do movimento, “Jesus salva, Jesus cura, Jesus batiza com o Espírito Santo e Jesus breve virá”, sobre a “Declaração de Verdades Fundamentais das Assembléias de Deus” não poderemos esquecer-nos da controversa história do nosso “Cremos” das Assembleias de Deus brasileira.