INTRODUÇÃO SOBRE O
DESENVOLVIMENTO TEOLÓGICO PENTECOSTAL:
Nestes últimos dias
a doutrina pentecostal tem sofrido muitos ataques em seu escopo
doutrinário. Até o fim da década de 90 os ataques eram mais
comuns, com teólogos tradicionais compondo teses e mais teses na
tentativa de desconstruir o argumento pentecostal e sua visão das
Escrituras. Não que o pentecostalismo viesse trazendo com sigo uma
nova revelação, ou hermenêutica, mas apenas resgatando doutrinas
que foram sendo esquecidas ao longo da história eclesiástica em sua
institucionalização.
Tais oposições
foram de grande contribuição para o movimento, pois fez com que os
pentecostais se despertassem para o estudo teológico, e os nossos
teólogos da época para uma maior erudição, profundidade
exegética, hermenêutica e argumentativa em seus escritos. A
confrontação gera a reflexão, e esta por sua vez põe em ordem as
idéias que até então poderiam estar soltas e sendo mal
interpretadas pelos leitores confessionais ou simpatizantes. Tais
conceitos expostos de modo raso contribuem na formação do que
chamamos de “espantalho” sobre o pentecostalismo aos olhos dos
que a nós se opõem teologicamente, ou seja, uma visão deturpada
daquilo que realmente pensamos, cremos, pregamos e vivemos.
Dentro deste âmbito
de confrontos foram geradas obras de grande contribuição para a
teologia pentecostal. Dentre as quais poderíamos destacar o livro do
teólogo das Assembléias Pentecostais do Canadá, Roger Stronstad,
“Teologia Carismática de São Lucas”, ainda não traduzido para
o português. Este livro trouxe uma maior profundidade acadêmica e
equilíbrio hermenêutico para a teologia pentecostal. Aos que pensam
ser o Movimento pentecostal um movimento sem doutrina, obras deste
tipo são motivos de espanto, ante a sua grandeza e biblicidade.
No entanto, mesmo a
teologia pentecostal sendo hoje mais desenvolvida, houve no passado
teólogos que deram um ponta-pé muito importante no desenvolvimento
de nossa doutrina. É importante fazer menção da “Declaração de
Verdades Fundamentais das Assembléias de Deus” que foram
sistematizadas no concilio geral em Hot Springs, Arkansas, em 1916,
sendo esta até o desenvolvimento dos primeiros livros confessionais,
a principal fonte de instrução e moderação da ortodoxia no
movimento.
Mesmo sendo o
antintelectualismo muito popular no inicio, isto não foi motivo para
que a doutrina pentecostal evoluísse, saindo da forma de embrião,
para o que temos acesso hoje. Nomes como os do escocês, ex-judeu
convertido a Jesus, Meyer Pearlman, do inglês Donald Gee, do
americano P. C. Nelson e do Rev.
Ernest
S. Williams, são de grande destaque no nosso desenvolvimento
teológico.
Já
aqui no Brasil, pela influência de missionários americanos, qual N.
Lawrence Olson, Orlando Boyer e John Peter Kolenda, houve um grande
estímulo para a implantação do nosso primeiro seminário
teológico, o Instituto Bíblico das Assembléias de Deus em
Pindamonhangaba, São Paulo (IBAD, hoje faculdade teológica FABAD).
John Peter Kolenda havia enviado o seu sobrinho João Kolenda Lemos
para estudar teologia no Central
Bible Colege nos
Estados Unidos. Este, lá conhece aquela que seria sua esposa a irmã,
missionária, pregadora, evangelista, Ruth Doris. Este dois jovens
após se casarem, junto com os esforços das missões estrangeiras,
começaram a implantação daquele que seria o melhor seminário
teológico pentecostal da America latina. Passivos de serem expulsos
da Assembléia de Deus, pois esta até então era contrária ao
ensino bíblico formal, nem mesmo assim eles voltaram atrás e
seguiram em frente, tendo o instituto reconhecido pela Convenção
geral mais tarde nos anos de 1975.
Mesmo
havendo tanta controvérsia acerca do ensino teológico formal nas
Assembléias de Deus no Brasil, isso não foi impedimento para a
formação de grandes teólogos. No nosso cenário teológico, temos
como um dos grandes representantes o mestre Antônio Gilberto,
licenciado em teologia, pedagogia e formado também em psicologia.
Além deste, ainda temos Claudionor Correia de Andrade, Ciro Sanches
Zibordi, Geremias do Couto, Severino Pedro da Silva (em
memória),
José Apolônio da Silva (em
memória),
Esdras Costa Bentho, Altair Germano, Carlos Kleber Maia, Paulo
Romeiro e tantos outros.
Então, podemos
perceber que o pentecostalismo tem amadurecido teologicamente e que
tem crescido o interesse dentre a membresia e o ministério pelo
ensino bíblico formal. Porém sabemos que ainda existe muito que
melhorar, principalmente no que se refere a qualidade do nosso ensino
teológico, valendo salientar a existência de milhares de cursos a
distância, sendo o seu monitoramento na maioria das vezes feito por
leigos gerando um aprendizado limitado à reprodução doutrinária acrítica e sem a devida reflexão.
Em posteriores
artigos veremos uma breve análise sobre os principais pontos
doutrinários do pentecostalismo, passearemos sobre o tema principal
do movimento, “Jesus salva, Jesus cura, Jesus batiza com o Espírito
Santo e Jesus breve virá”, sobre a “Declaração de Verdades
Fundamentais das Assembléias de Deus” não poderemos esquecer-nos
da controversa história do nosso “Cremos” das Assembleias de
Deus brasileira.